Juros chegam a 7%, e agora?

Como já era esperado por grande parte dos analistas de mercado, a taxa básica de juros foi reduzida novamente (pela décima vez consecutiva), chegando a 7,00% ao ano. No que se refere à trajetória de curto prazo, trata-se da maior redução da SELIC, em tão pouco tempo, desde que se tem dados. Em outubro de 2016, esta mesma taxa estava em 14,25% ao ano, trata-se portanto, de um corte de 7,75% em um intervalo de um ano.

Diante disto, algumas questões precisam ser respondidas; 1° A que se deveu tão abrupta queda na taxa de juros? 2° A quem beneficia esta tendência? 3° Trata-se de uma tendência permanente, ou um comportamento cíclico que deverá ser revertido? 4° O que esperar da taxa de juros em 2018?

São muitos mistérios que circundam a formação da taxa de juros no país, estas questões não são, portanto, passíveis de respostas simples. No que se refere a primeira pergunta, a resposta é um tanto quanto consensual, a reputação do Banco Central de Ilan, é consideravelmente mais crível do que a reputação do BC de Tombini. Quaisquer trabalhos sobre política monetária que permeiam a fronteira do conhecimento da área, tem como resultado consensual uma correlação positiva entre a reputação do BC e os resultados da política monetária no combate à inflação. Em outras palavras, não basta o BC elevar juros diante de uma inflação alta, para que haja sucesso na convergência da inflação de volta à meta, é preciso que as pessoas acreditem, que as elevações de juros do BC, terão resultados.

Mas a final, como os formadores de preços e salários de uma economia, vão acreditar mais ou menos na eficácia da ação do BC? Está claro que sozinho Ilan Goldfajn não teria tido o mesmo desempenho, em grande medida, as expectativas foram ancoradas em uma taxa de inflação inferior (permitindo portanto que os juros caíssem), em grande medida graças à reconquista da credibilidade da política fiscal, ancorada principalmente na aprovação da PEC do teto dos gastos públicos e na confiança dos investidores de que o governo será capaz de realizar a reforma da previdência.

Se a primeira pergunta, foi respondida com base na confiança dos agentes quanto à solidificação dos fundamentos fiscais do país, temos portanto, a resposta da 3° e da 4° questões. O ciclo de baixa da taxa de juros, será tão mais longo e duradouro, quanto maior for o ímpeto reformista do governo na área fiscal, ou seja, se as reformas se esvaziarem, como aparentemente está acontecendo com a previdenciária, haverá um rápido reestabelecimento da inflação e, consequentemente da taxa de juros. Para 2018, o mercado já espera uma retomada da atividade, e consequentemente uma alta da inflação. Já é esperado, portanto, que a taxa de juros chegue a 9% em dezembro de 2018.

No que se refere à segunda pergunta, está claro que um dos grande beneficiados da queda da taxa de juros e da inflação, é o próprio governo, que passa a se financiar a um custo razoavelmente mais baixo em relação ao que acontecia no passado recente, dado que a SELIC e a inflação são dois dos maiores indexadores dos títulos da dívida pública. Para manter um ambiente de equilíbrio e estabilidade macroeconômica, com juros e inflação baixas, além de câmbio estável, será preciso respeitar a restrição orçamentária do governo de longo prazo, reduzir os riscos da dominância fiscal pressionando a inflação, teremos pela frente uma ampla agenda legislativa para os próximos meses.

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