Repensando o Estado brasileiro.

 Ao abrir o site do Jornal Correio na manhã do dia 08/01/2015 me deparei com a seguinte matéria: “HC UFU pode suspender as cirurgias eletivas devido à falta de recursos”, o que me causa estranhesa e constrangimento, em recente matéria sobre a qualidade da produção acadêmica publicada pelo jornal Folha de São Paulo, o Brasil se colocava na posição 50 entre 53 países pesquisados entre os países que mais publicavam artigos em revistas de renome internacional de qualidade científica, o fato estarrecedor entretanto é que a pífia colocação brasileira se dava a despeito de US$30 bilhões de gastos em financiamento de pesquisas contra US$2 bilhões gastos pelo Chile que ocupa uma posição melhor que a brasileira.

 

Esta breve introdução usei estes exemplos, poderia utilizar tantos outros, para refutar a tese de escassez de recursos para financiar os serviços públicos no Brasil, vivemos em um país cujo a carga tributária atualmente em 37% do PIB é semelhante à de países onde a oferta de serviços públicos, gratuitos e de qualidade funcionam, portanto, não creio que haja falta de recursos no Brasil, mas sim, falta de prioridades.

 

Em outras palavras, nosso consenso político social avalizado formalmente pela dita constituição cidadã de 1988 imortalizou no Brasil aquilo que o saudoso Roberto Campos chamava já nos anos 1980 de “Lei da Entropia Burocrática” que na prática significa que a diversificação de atividades do Estado exaure sua capacidade de recursos financeiros e gerenciais numa quantidade de tarefas que não o permite ser eficiente na realização de suas tarefas. Em outras palavras, é altamente oneroso para a sociedade um Estado que seja ao mesmo tempo, médico, juiz, professor, pesquisador, policial, assistente social, empresário, banqueiro e etc… isto faz com que o governo usurpe cada vez mais recursos financeiros (na forma de impostos e de empréstimos para financiar e rolar a dívida pública) e humanos (na forma de contratação cada vez maior de burocratas via concursos públicos sugando mão de obra do setor produtivo), condenando desta forma o país a uma espiral cada vez maior de baixo crescimento/investimento, corrupção e lentidão na oferta de serviços essenciais para a população.

 

É preciso rever o papel do nosso Estado para que ele seja capaz de através do foco em atividades estratégicas oferecer uma educação que alfabetize, uma saúde que trate com agilidade, uma justiça que seja ágil e eficiente, e uma polícia capaz de realizar seu papel de guardiã da ordem e do progresso, caso o contrário continuaremos nos deparando com o fracasso de um Estado que não consegue ser bom nem para extrair petróleo de águas profundas, nem para gerar eletricidade fundamental para nosso desenvolvimento e muito menos para realizar cirurgias eletivas para a população pobre que sofre nas filas.

 

Os esquerdopatas dizem que o setor de energia e petróleo são estratégicos para o desenvolvimento do país, e por esta razão não pode ser entregue à empresários gananciosos que só buscam lucro, idéia que ecoa com certo grau de popularidade dado ao baixo nível educacional da nossa população, entretanto, estratégico de verdade para o país é ter crianças de 8 anos que leiam e escrevam com qualidade, bem alimentadas, jovens universitários capazes de aprender aquilo que estão estudando para se tornar profissionais e não meramente portadores de diplomas como no Japão que nunca produziu petróleo mas cujo os produtos de alto valor agregado e tecnológico estão presentes nas casas de pessoas do mundo todo.
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